Banco de metais de reuso minimiza impactos da mineração

As práticas sustentáveis dentro do ramo das joalherias ajudam a diminuir os impactos negativos que a mineração traz ao meio ambiente

Após sete anos atuando na área de design de joias, Mayara Rovery começou a questionar a origem e o impacto ambiental das matérias-primas que utilizava.

“Entrei numa crise dentro da empresa, porque eu não me via mais só criando as peças, eu queria trazer mais diferença para essa área, queria trazer mais transparência”, explica a designer.

Assim, ela foi atrás de leilão de metais, de minas certificadas e começou alguns projetos dentro da marca, como a introdução de uma prática comum entre joalherias conhecida como trunk shows, onde as empresas compram peças de clientes para reaproveitar os metais.

Mayara observou que depois de alguns meses havia, novamente, a demanda pelo metal, mas não havia clientes com o material disponível para venda.

A partir daí, Mayara percebeu que precisava criar um criar um banco de metais maior e assim nasceu o YbY Bank, o primeiro banco de metais de reuso no Brasil.

“Queremos promover o que chamamos de mineração urbana, que é reutilizar os metais que estão dentro das nossas casas. Por que não fazer isso girar e voltar para o mercado, purificado, legalizado, sabendo exatamente de onde veio?”, diz Mayara.

Por isso qualquer pessoa ou empresa pode comprar e vender, basta preencher um formulário no site.
A empresa foi lançada em setembro de 2021, com o objetivo de ajudar marcas de joias a criarem suas coleções a partir de metais reutilizados.

“A ideia é que quanto maior a empresa, menor o impacto dentro da sociedade e do meio ambiente”, afirma a fundadora e diretora.

As operações de compra e venda começaram de fato em fevereiro de 2022 e o banco vê seus clientes duplicarem todo mês.

A demanda do mercado é tão grande que a empresa está pesquisando uma tecnologia para extrair metais nobres do lixo eletrônico.

Depois de adquiridas dos fornecedores, as peças passam por um estudo de teor e são posteriormente purificadas, entrando novamente na cadeia via blockchain, o que garante a certificação e a transparência.

“Nosso ideal é melhorar a exploração de metais no país e reduzir os impactos, promovendo a conscientização, a valorização de marcas transparentes e o consumo consciente”, diz Mayara.

Impacto Ambiental

Os impactos ambientais das joalherias provêm do processo de fabricação das joias, da extração dos metais preciosos e das gemas utilizadas para fabricá-las.

Natália Livi, geógrafa e ourives, explica: “O processo de fabricação de uma joia pode ser dividido em diversas etapas, como fundição, laminação e trefilação, acabamento e galvanoplastia. Cada uma possui seus impactos sobre o meio ambiente, então devemos verificar as melhores formas para minimizá-los”.

Os impactos incluem:

Emissões atmosféricas: fumos metálicos, gases e particulados.
Efluentes líquidos: águas de lavagem, soluções ácidas.
Resíduos sólidos: lixas, aparas metálicas, embalagens de insumos.

O impacto da extração de gemas pode ocorrer de diversas formas, que variam conforme o mineral. A extração de metais como o ouro, por exemplo, contamina as águas por mercúrio e cianeto.

“Muitas vezes, para separar o mineral da rocha fonte e a aglutinar os metais, são utilizados metais pesados, que são bioacumuláveis e extremamente tóxicos, afetando os ecossistemas e a vida humana”, diz a geógrafa.

Outros impactos gerais da mineração no meio ambiente, são: alteração da qualidade da água, degradação de áreas florestadas, fauna, flora e paisagem, poluição atmosférica e impactos sociais.